Febre e Infecções em Idosos
A febre é o aumento da temperatura do corpo. Essa temperatura é controlada por uma região do cérebro chamada hipotálamo que age como um termostato para manter a temperatura dos órgãos internos em aproximadamente 37°C. O aumento da temperatura corporal é uma manifestação da ação do nosso sistema de defesa no combate à alguma anormalidade.
Agentes infecciosos ou doenças podem elevar a temperatura do organismo para além de 37.8ºC, o que caracteriza a febre.
Os infectologistas estabelecem os seguintes limites para caracterizar a febre:
De 37,3℃ a 37,8℃ - Febrícula
Acima de 37,8℃ - Febre
As infecções são algumas das causas mais frequentes da febre. Entre as infecções podemos destacar as causadas por vírus, bactérias, fungos ou parasitas. Existem outras causas não infecciosas da febre como as doenças do sistema nervoso central (hemorragias, traumatismos, tumores cerebrais), as neoplásicas (câncer de fígado, rins, intestinos, linfomas, leucemia), as cardiovasculares (infarto, embolia pulmonar), hipertireoidismo e doenças reumáticas. Infecções da pele e do tecido mole são também causas comuns de febre em idosos.
A febre pode também resultar de inflamação, de reação a um medicamento, de uma reação alérgica, de distúrbios autoimunes (quando o corpo produz anticorpos anormais que atacam seus próprios tecidos).
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As infecções em pessoas idosas costumam não causar febre, o que pode levar a uma demora na procura por um serviço de saúde e atraso no diagnóstico de infecções importantes.
A temperatura de pessoas idosas tende a ser um pouco mais baixa que a de adultos jovens, pois o organismo não mais responde a agravos da mesma maneira que na faixa etária mais jovem.
Ao invés de febre, os idosos podem apresentar sinais e sintomas atípicos diante de infecções.
Especialmente nos idosos mais velhos ou com doenças crônicas associadas, os sintomas das infecções variam entre mudanças importantes no comportamento como confusão mental, desorientação em relação ao tempo e ao espaço, alucinações e um discurso incoerente. Agitação, agressividade, hipotermia (redução considerável da temperatura), hipoglicemia, e até mesmo uma queda podem levar a suspeita de infecções. O idoso pode apresentar ainda sonolência e fraqueza. Nos pacientes com alguma dificuldade cognitiva, pode ter redução nos níveis de consciência. Outros sintomas, tais como dor, podem ser menos notáveis. Frequentemente, uma mudança na função mental ou um declínio no funcionamento diário é o único sinal inicial de pneumonia ou de infecção do trato urinário, por exemplo. Outros sinais bastante comuns são a recusa alimentar e uma deterioração do estado geral, com intensa prostração.
A mudança na apresentação dos sintomas confunde os familiares, que tentam buscar outras explicações para esses sinais.
A confusão mental que pode surgir devido a uma infecção, é frequentemente confundida pelos familiares como demência. Vale ressaltar que ninguém apresenta demência de um dia para o outro – as mudanças no envelhecimento são lentas e gradativas.
Doenças agudas em pacientes nessa faixa etária caracterizam-se, muitas vezes, por quadro clínico e laboratorial diferente do encontrado em adultos jovens ou ainda são interpretadas como condições crônicas preexistentes.
A temperatura do idoso pode ser mais baixa do que a definição padrão de febre, mesmo quando elevada por infecção. A elevação da temperatura pode não corresponder à gravidade da doença.
Se o idoso tiver, concomitantemente à infecção, doenças que comprometem a imunidade ou doenças debilitantes como demências em estágio avançado, diabetes, doenças cardíacas e pulmonares, o risco de ter sintomas mais atípicos é maior.
Encontra-se, por exemplo, menor número de octogenários à admissão hospitalar por pneumonia com febre e/ou tosse do que com delirium. Isso ocorre porque o envelhecimento reduz o reflexo da tosse e altera a termorregulação corporal.
Os idosos, quando apresentam febre, têm mais probabilidade de ter uma infecção bacteriana séria do que adultos mais jovens com febre.
Vale ressaltar que a detecção precoce das infecções, com instituição do tratamento em tempo hábil, pode reduzir riscos de morbidade e mortalidade.
Bibliografia:
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